O resto do bimestre foi monótono, o que só eram quebrados com as longas conversas que eu tinha com os meus dois amigos, um escondido do outro.
Durante os dias as brigas dos dois iam piorando, ficando mais violentas, claro que não chegavam a haver violência física, mas chegava perto.Até que um dia eu peguei os dois brigando antes de começar a aula e ouvi a conversa deles pela porta. Eles estavam discutindo sobre a amizade deles comigo. Ele dizia que ela era uma fofoqueira que falava mal de nós dois pelas costas e ela que ele era um pilantra que só queria colar de mim nas provas ou coisa parecida. Eu achei um absurdo, porque tudo o que eles estavam chingando um para o outro nenhum dos dois fazia.
Quando eu ia entrar na sala pra interromper a briga veio uma confissão.
Enquanto ela continuava com a cascata de palavras. Ele pediu um tempo pra ele falar e disse as palavras mais impossíveis que eu ouviria ele falar para a Mariana, uma pessoa que ele odiava até a alma.
- Eu te amo. - disse ele. Eu fiquei boquiaberto e feliz, é claro, mas depois disso eu me decepcionei com ele por causa das palavras que estavam saindo da boca dele no instante após a revelação. - Eu estava usando o Angel pra chegar até você, ele só era uma isca para você, porque eu sabia que você iria fazer amizade com ele só para me chatear.
Isso foi a gota d’água pra mim, mas ainda tinha mais, a Mariana, a menina que era totalmente ao contrário do que o Guilherme havia me falado estava fazendo juz as palavras dele.
- Eu também o usei para chegar até você, eu sempre gostei de você. - disse ela. Aquilo fez crescer uma raiva em mim que eu queria entrar ali e chingar os dois até um deles sair chorando dali. Não acredito as pessoas que estavam me fazendo voltar ao normal e me fazendo esquecer certas coisas do passado, foram as que mais me magoaram, eu sabia que isso ia acontecer de novo, como eu sou burro.
Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia se entrava na sala, porque já havia batido a campa ou se eu ia embora e me fechava para o mundo de novo, só que dessa vez iria ser pra valer. Eu decidi entrar e passar por eles sem falar nada fingindo que eu não tinha ouvido aquela conversa. Então eu entrei, eles olharam para mim e depois um para o outro pensando que talvez eu tivesse ouvido a pequena conversinha deles.
- E aí Ang... Tudo bem? Você ouviu alguma coisa antes de entrar na sala? - perguntou o Guilherme, "meu melhor amigo". Apenas fiz olhar para ele com os olhos semi-cerrados e corri pra fora da sala rumo à saída da escola.
Quando eu sai da sala eu só ouvi os dois dizerem ao mesmo tempo - Ele ouviu. - E então começaram a correr atrás de mim. Eu não me importei com os encontrões e baques que eu estava levando no caminho, eu só queria sair dali. Eu corri e corri com os dois atrás de mim sem saber para onde eu estava indo, até que de repente eu ouço um grito, depois uma luz branca bem na minha frente, uma buzina e uma dor de um segundo só. Sirenes, um choro e gente conversando. Depois mais nada